Post p/ Chimarrão, em 28/06/2011
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As relações do setor siderúrgico com o desmatamento e o trabalho degradante sempre foram obscuras para o grande público. Quando se pensa em desmatamento, os primeiros culpados são a madeira, a pecuária ou a soja. Mas a maior parte das árvores derrubadas alimenta o forno de pequenas carvoarias na mata. O carvão abastece pequenas siderúrgicas, em que é queimado para transformar o minério em ferro-gusa, matéria-prima do aço. Nem todo aço vem do desmatamento. Parte das siderúrgicas brasileiras, prin
cipalmente as do Sul e do Sudeste, usa carvão mineral, extraído de minas fora do Brasil. E mesmo as siderúrgicas que usam carvão vegetal se abastecem em parte com material proveniente de plantações de pinheiro e eucalipto, ou mesmo de desmatamentos legais. O problema é saber quem trabalha com carvão de origem irregular.
Para descobrir isso, foi investigada a procedência do carvão usado pelas maiores siderúrgicas produtoras de ferro-gusa na Amazônia. Também obtido a lista de fornecedores de carvão de cada siderúrgica, em 2010, estimado quanto carvão esses fornecedores poderiam produzir no máximo com seus fornos. Depois foi cruzado os dados com a produção real das siderúrg
icas. Das oito, quatro poderiam atender a sua demanda com os fornecedores cadastrados. Porém, outras quatro – Sidepar, Margusa, Gusa Nordeste e Viena – produziram mais em 2010 do que seria possível usando apenas carvão dos fornos registrados. A diferença pode ser explicada por carvão de origem irregular. Além disso, mesmo entre os fornecedores cadastrados pode haver carvão ilegal.
Segundo o Ibama, as siderúrgicas sabem do carvão ilegal. “Pela legislação, as siderúrgicas deveriam plantar suas florestas para produzir carvão”, diz Luciano Menezes Evaristo, diretor de proteção ambiental do órgão. “Mas elas não cumprem a lei. E estão acabando com a Amazônia”. Só em Nova Ipixuna, no Pará, desde março deste ano, o Ibama fechou nove serrarias que fornecem madeira para as carvoarias, destruiu 120 f
ornos e aplicou R$ 2,8 milhões em multas. No ano passado, o Ibama havia fechado sete serrarias na região. O dano não é apenas ambiental. As carvoarias vêm ameaçando pequenos agricultores na Amazônia. Desde maio, cinco agricultores foram assassinados na região por denunciarem extração ilegal de madeira, entre eles o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo.
Procuradas por ÉPOCA, as empresas siderúrgicas não se manifestaram. O relatório também diz que a Secretaria de Meio Ambiente do Pará estava envolvida em fraudes. A Sema teria atenuado as ações de fiscalização. “Quando entrei, ouvi falar que havia corrupção. A PF estava investigando a Sema”, afirma Teresa Cativo, secretária que assumiu a pasta em janeiro deste ano. “Mas hoje isso não acontece mais”, diz. O setor siderúrgico está começando a perceber que o carvão ilegal é um risco. Se as empresas não se ajustarem, a próxima medida será enviar uma carta aos compradores internacionais. “Solicitaremos que eles suspendam a importação do ferro dessas siderúrgicas”. É um sinal de que a cadeia do ca
rvão entrou, enfim, no campo de visão da sociedade. A cobrança crescente deve ter efeitos benéficos. Se o setor ficar mais intolerante à ilegalidade, além de reduzir o desmatamento irregular e melhorar as condições de trabalho, também pode aumentar a competitividade da própria indústria siderúrgica exportadora do país e das empresas que usam esse aço.
Fonte: Revista Época Página: Internet
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