10 de jun. de 2011

Mina de urânio só produz morcegos

===============================
Post p/ Chimarrão, em 10/06/2011
====================

A maior mina de urânio prospectada do país, no município de Santa Quitéria (CE), é hoje um morro com pedaços de rocha avermelhada à vista e galerias de pesquisa que viraram moradia de morcego. Sem licença ambiental e do órgão de fiscalização da área nuclear, a mina de Itataia deveria entrar em operação em um ano e meio, produzindo mais de mil toneladas de urânio, mas a nova estimativa, que é meados de 2015, já ameaça não vingar. O caso da mina de Itataia é mais um adiamento no cronograma do Programa Nuclear Brasileiro, abalado depois do acidente nas centrais nucleares de Fukushima, em março.

Depois do terremoto do Japão, e sem que haja um desfecho claro para o acidente nuclear, Dilma Rousseff tirou da agenda a definição sobre o local das quatro próximas usinas nucleares brasileiras, previstas para entrarem em funcionamento até 2030. O cenário até inibiu o lobby de grandes empreiteiras, em movimentação no governo e no Congresso, para mudar a Constituição e passarem a poder operar usinas nucleares. A tarefa hoje é monopólio da União. O país, que planeja exportar urânio enriquecido para a China e a Coreia, teve de importar urânio para abastecer as usinas de Angra 1 e 2, pois a única mina em operação, em Caetité (BA), não conseguiu cumprir os planos de aumentar a lavra e ainda teve a produção reduzida por falta de licenças da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

O novo atraso no cronograma de Itataia não alarma o relojoeiro ambulante Raimundo Nonato Mesquita. "Faz uns 40 anos que essa mina está num vai não vai. Na época de campanha eleitoral, os políticos falam da mina, mas depois esquecem". O último prefeito eleito na cidade teve o mandato cassado por compra de votos. O relojoeiro trabalhava na sexta feira na avenida principal de Santa Quitéria, a pouco mais de 200 quilômetros de Fortaleza. Nos postes da avenida, cartazes informam que Santa Quitéria é a terra do fosfato e do urânio, com o verbo no presente, apesar de a exploração nem ter começado.

@@@@@@@@@@@@

Nenhum comentário:

Postar um comentário