Post por Gilmar da Silva, em 31/10/10
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O relatório anual da ONG Transparência Internacional indica que a percepção de corrupção no setor público do Brasil se manteve inalterada desde o ano passado, embora o País tenha subido em um ranking sobre o tema. A pontuação dada ao País no relatório permaneceu a mesma de 2009 - 3,7 numa escala de zero a dez, em que dez indica que os servidores são percebidos pela população como pouco corruptos e zero corresponde à percepção de corrupção disseminada. O Brasil ocupava no ano passado o 75º lugar entre 180 países no ranking. Na lista deste ano, em que foram relacionados apenas 178 países, o Brasil ocupa a 69ª posição, juntamente com Cuba, Montenegro e Romênia. Dinamarca, Nova Zelândia e Cingapura, dividem a primeira colocação, com 9,3 pontos.
A subida do Brasil no ranking seria apenas um reflexo da deterioração de outros países e não deve ser interpretada como um avanço do País, explicou diretor regional para as Américas da Transparência Internacional. A pontuação (3,7) mostra que não houve melhora ou piora no Brasil e, assim como em outros países, reflete contradições entre modernizações e práticas antigas. Especialistas apontam que em alguns setores os sofisticados sistemas de compras públicas eletrônicas, que reduzem as oportunidades de corrupção, e sinais importantes como a lei da Ficha Limpa. Por outro lado, em muitos espaços de poder temos esquemas de compras de voto e nepotismo.
Ainda que a metodologia da Transparência Internacional não permita observar se houve mudanças radicais na percepção do mapa corrupção no mundo como um todo, é possível notar quais países avançaram e quais deram sinais de retrocesso. O Chile é citado como o país sul-americano mais bem colocado no ranking, como exemplo positiv
o: subiu de 6,7 pontos em 2009 para 7,2. O motivo é que no Chile há a percepção de autonomia da Justiça e de uma polícia livre de corrupção e também uma recente lei chilena permite o acesso de cidadãos a informações de contas e contratações públicas. Os EUA, por outro lado, são exemplo de retrocesso: perderam pontos e posições no ranking, em mais um desdobramento da crise em seu sistema financeiro. É um efeito dos escândalos financeiros, como o de Bernard Madoff, que mostraram ao mundo falta de transparência (no sistema). Por outro lado, medidas positivas, como a abertura de contas públicas promovida por Barack Obama, têm efeito negativo sobre a percepção da corrupção no curto prazo, justamente por colocar a corrupção em evidência."
Dos 178 países avaliados em 2010, 75% não obteve nota superior a 5. "Os resultados mostram que são necessários esforços significativamente maiores para fortalecer a governança no mundo", disse em comunicado Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional. Melhoras no panorama global dependem de mudanças individuais. Em muitos países os indivíduos tendem a se ver como vítimas do sistema. Mas o indivíduo pode ser proativo e sair do ciclo da corrupção. Enquanto só esperarmos grandes mudanças por parte de governos, teremos essa pontuação baixa na maioria dos países. A percepção de corrupção é maior em países instáveis e com um histórico de conflitos, como Iraque (apenas 1,5 ponto no ranking) Afeganistão (1,4), Mianmar (1,4) e Somália (1,1, última colocada). O Haiti configura uma exceção: obteve melhora no ranking (de 1,8 ponto em 2009 para 2,2 em 2010) apesar do terremoto que devastou o país em janeiro.
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