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Postado por Gilmar da Silva, em 17, 11, 2009
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Em minha habitual busca de retalhos em minha navegação pela Internet, encontrei o que considero importantes fragmentos da história da povoação do Vale do Taquari e mais especialmente sobre Bom Retiro do Sul, cujos dados mais interessantes, a meu ver, transcrevo abaixo para meus leitores contumazes, muitos dos quais, penso, ainda não tiveram oportunidade de saber a respeito do que abaixo passo a título de resgate de nossa história de colonização, que infelizmente a nossa geração não teve o interesse em preservar e com isso morre mais um pedaço do que foi o desbravar do nosso território por importantes e até se poderia dizer, desconhecidos bandeirantes. Boa Leitura!!
Os mais variados grupos humanos que ocuparam o Vale do Taquari/RS, ao longo do tempo ainda carecem de reflexões mais embasadas. Eles deixaram legados que documentam uma história, ignorada por muitos. O único registro capaz de subsidiar essa tarefa, talvez seja a materialidade expressa nas marcas deixadas no ambiente habitado pela sociedade no limiar de século XXI. Em muitos casos se faz necessário reconstituir a história de uma sociedade a partir de vestígios minúsculos presentes no que a arqueologia chama de cultura material.
Os primeiros registros patrimoniais, feitos de forma mais criteriosa, na região, iniciaram a partir da fundação do Setor de Arqueologia no Museu de Ciências Naturais do Centro Universitário Univates, em Lajeado. Ao longo dos últimos anos, várias etapas foram desenvolvidas dentre as quais o projeto “Arqueologia Histórica: projeto de valorização da memória e identidade cultural do Vale do Taquari, RS: um programa de avaliação do patrimônio local”. Foram estudados locais e áreas com potencial histórico e aspectos referentes a cultura material como coleções de frascos de medicamentos, perfumaria, cosméticos, venenos e louças, provenientes destes sítios históricos do Vale do Taquari – RS (a maior parte do fim do século XIX e inicio do XX).
Nesse sentido, os objetos encontrados nos lugares adquirem status de cultura material e permitiu, a partir da decifração de seus signos, a leitura do cotidiano tanto dos colonizadores portugueses e seus escravos quanto dos imigrantes italianos e alemães do século XIX. A coleção arqueológica está dividida entre vasilhas e fragmentos cerâmicos, evidências, estruturas de habitação e material lítico. Evidências desses sítios foram datadas (método termoluminiscência) e as ocupações se deram entre os anos de 500 D.C e 1410 D.C.
A região começa a apresentar algum valor aos olhos portugueses e o início da colonização mais efetiva do RS, com as doações de sesmarias se deu a partir de 1726. Em 1736, chegava expedição comandada por Cristóvão Pereira de Abreu para preparar o estado para a ocupação definitiva. No Vale do Taquari, o avô de Bento Gonçalves, Manoel Gonçalves Meirelles e sua esposa, Antônia da Costa Barbosa Meirelles com seus filhos, foram os primeiros beneficiados com a doação de uma sesmaria, a “Sesmaria da Piedade”, localizada na margem esquerda do rio Taquari, junto a sua foz, estabelecendo-se onze quilômetros a montante do rio. Isso em 1747. Essa etapa da história regional está materializada nos casarões açorianos do Vale do Taquari, especialmente nos municípios que deram início ao processo de colonização portuguesa na região. Como exemplo dessa situação pode-se citar as ruínas do casarão da sede da Fazenda Pedreira em Bom Retiro do Sul.
Os acontecimentos mais eloqüentes na propriedade, em termos de prosperidade econômica, se verificam no século XIX, quando essas terras pertenciam ao carioca Manuel dos Reis Louzada, primeiro Barão de Guaíba. Além dessa propriedade, Louzada possuía ainda mais duas fazendas em Bom Retiro do Sul, as fazendas Pinhal e da Conceição. A fazenda Pedreira era a “sede administrativa” das fazendas que Louzada possuía na região. Esse, contudo, é apenas um dos documentos materiais a se revestirem de inestimável importância para a história da região e cuja valorização por parte de alguns segmentos da sociedade não acontece por ignorância ou por falta de vontade política.
A Fazenda Pedreira atualmente se encontra em processo de abandono e visualiza-se em breve uma grave e iminente destruição desse registro arquitetônico importante para a história regional, pois o descaso do poder publico é total. A história da fazenda revela importantes momentos do processo de ocupação dos espaços pelas famílias de alto poder aquisitivo na região. A fazenda teve ao longo de suas ocupações inúmeras funções como escola, armazém de secos e molhados e residência da última família proprietária que abandonou a casa no ano de 2001. A casa é uma das poucas estruturas arquitetônicas da região que ainda conserva em sua área total, o local usado como senzala no passado.
Produzido por:
Neli Teresinha Galarce Machado, Sérgio Nunes Lopes e Sidnei Wolf
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