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Postado por Gilmar da Silva, em 07, 11, 2009
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Incomodado com as razões que teriam motivado a criação da pensão vitalícia para ex-governadores, Enio Meneghetti, neto do ex-governador Ildo Meneghetti, nega que seu avô tivesse passando por dificuldades financeiras na década de 1970, quando a lei foi aprovada na Assembleia. A seguir, a entrevista a Zero Hora:
Zero Hora – A criação da pensão vitalícia não teve relação com a situação financeira do seu avô?
Enio Meneghetti – Cada vez que esse tema vem à baila surge alguém para dizer que a pensão teria sido criada para resolver os problemas financeiros de Ildo Meneghetti. Quero saber quem tem procuração do ex-governador para falar da vida financeira e privada dele? Quanto ao instituto da pensão ser adequado ou não é uma coisa que deve ser discutida. Ele foi empresário a vida inteira e deixou as empresas de lado para exercer o cargo de governador, por dois mandatos, e prefeito de Porto Alegre. O Senador Pedro Simon gosta de repetir que abriu mão da pensão. No dia que ele deixar de ser Senador, não vai receber a pensão?
ZH – Por que usariam o nome do seu avô para justificar a pensão?
Enio – Não sei. Tenho uma vaga impressão, mas não gostaria de falar. O que não dá para aceitar é que cada vez que se toca nesse assunto, se use como biombo a figura de Ildo Meneguetti. Ele tinha controle acionário de uma empresa em Canela, vendeu em 1975 e faleceu em 1980. Isso era suficiente para ele viver o resto dos dias da forma modesta como viveu.
ZH – A família está se sentindo constrangida?
Enio – A família está chateada e incomodada. É desagradável. Quer dizer que a pessoa escolhida pelos gaúchos por duas oportunidades para governar o Estado não tinha condições de gerir suas finanças? Isso não é verdade.
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Entenda a polêmica – A origem
A lei da pensão vitalícia foi criada em 1972 e depois modificada em três ocasiões: 1977, 1979 e 1995. Apesar de o governador da ativa receber hoje R$ 17,3 mil, as pensões pagas aos ex-governadores são de R$ 22,1 mil.
Zero Hora – A criação da pensão vitalícia não teve relação com a situação financeira do seu avô?
Enio Meneghetti – Cada vez que esse tema vem à baila surge alguém para dizer que a pensão teria sido criada para resolver os problemas financeiros de Ildo Meneghetti. Quero saber quem tem procuração do ex-governador para falar da vida financeira e privada dele? Quanto ao instituto da pensão ser adequado ou não é uma coisa que deve ser discutida. Ele foi empresário a vida inteira e deixou as empresas de lado para exercer o cargo de governador, por dois mandatos, e prefeito de Porto Alegre. O Senador Pedro Simon gosta de repetir que abriu mão da pensão. No dia que ele deixar de ser Senador, não vai receber a pensão?
ZH – Por que usariam o nome do seu avô para justificar a pensão?
Enio – Não sei. Tenho uma vaga impressão, mas não gostaria de falar. O que não dá para aceitar é que cada vez que se toca nesse assunto, se use como biombo a figura de Ildo Meneguetti. Ele tinha controle acionário de uma empresa em Canela, vendeu em 1975 e faleceu em 1980. Isso era suficiente para ele viver o resto dos dias da forma modesta como viveu.
ZH – A família está se sentindo constrangida?
Enio – A família está chateada e incomodada. É desagradável. Quer dizer que a pessoa escolhida pelos gaúchos por duas oportunidades para governar o Estado não tinha condições de gerir suas finanças? Isso não é verdade.
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Entenda a polêmica – A origem
A lei da pensão vitalícia foi criada em 1972 e depois modificada em três ocasiões: 1977, 1979 e 1995. Apesar de o governador da ativa receber hoje R$ 17,3 mil, as pensões pagas aos ex-governadores são de R$ 22,1 mil.
Proposta de Extinção
A proposta do deputado Luciano Azevedo (PPS) de extinção das pensões não atinge os atuais beneficiados. Atingiria somente Yeda Crusius e os futuros governantes.
Quem recebe pensão
Ex-governadores* - Alceu Collares, Amaral de Souza, Antônio Britto, Germano Rigotto, Jair Soares, Olívio Dutra, * Pedro Simon optou por receber salário de Senador
Pensionistas - Marília Guilhermina Pinheiro (ex-companheira de Leonel Brizola), Nelise Trindade Queiroz (viúva de Synval Guazzelli) e Neda Triches (viúva de Euclides Triches).
Origem de pensão motiva discórdia
Mais de 30 anos depois de sua aprovação, a proposta que prevê o pagamento de pensões vitalícias para governadores ainda provoca controvérsias. Além do teor, a raiz da polêmica agora está concentrada nas motivações de sua criação. Mesmo com a contestação da família do ex-governador Ildo Meneghetti, o ex-deputado Pedro Américo Leal – que pertencia à Arena, mesmo partido do ex-titular –, afirma que a situação financeira do colega “teve grande expressão” no resultado da votação: “Meneghetti ficou a ver navios”. Favorável à concessão do privilégio, Leal acrescenta: “Lembro que um dia dei carona a Meneghetti e a situação dele era periclitante”.
O Senador Pedro Simon (PMDB), na época deputado estadual pelo MDB, recorda que durante a análise da medida falava-se nas dificuldades financeiras de Meneghetti e também dos ex-governadores Walter Jobim e Leonel Brizola, que permaneceu no exílio até 1979. Meneghetti foi prefeito da Capital e governou o Estado em duas ocasiões (1955-1959 e 1963 a 1966). Aos 84 anos, morreu em 29 de março de 1980.
Para o ex-deputado Antônio Carlos Rosa Flores (do então MDB, hoje PMDB), o caso de Meneghetti provocou a aprovação do texto: “Falava-se que o ex-governador passava por privações”. Sérgio Ilha Moreira (ex-integrante da Arena, hoje PP) diz lembrar que, “à boca pequena”, falava-se de Meneghetti, mas ressalta que não foi a situação do ex-governador que motivou a lei: “Comentava-se sobre Meneghetti. Uma empresa dele não ia bem. Era um homem honesto, de bem, que saiu com as mãos limpas. Mas a justificativa da lei foi outra, a de apoiar os ex-governadores após os quatro anos. É muito difícil para um ex-governador recomeçar na sua atividade depois de deixar o cargo. A pensão é mais que justa. Votei a favor e votaria de novo”.
Também ex-deputado, Lino Zardo (do então MDB, hoje PMDB) recorda que a legislação estadual foi criada na esteira de uma lei federal que concedeu pensão a ex-presidentes. Outras Assembleias também instituíram o benefício para ex-governadores.
Segundo reportagem de Zero Hora de 10 de dezembro de 1972, a lei foi contestada até mesmo por Peracchi Barcelos, que seria um dos beneficiados pela medida. O ex-governador afirmara que, em sua época no comando do Estado, deputados da Arena haviam sugerido emenda semelhante e que ele, por intermédio do ministro da Justiça, apelou para que desistissem da ideia e foi atendido (Zero Hora).
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