10 de jul. de 2009




Como leitor assíduo e pelo interessante diálogo transcrito pelo colunista Juremir Machado da Silva, que reputo de apurada inteligência e um escritor de mente atualizada, trago sua coluna deste dia 10/07/2009, para o deleite de quem aprecia a leitura que trás um contexto nas entrelinhas.
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Sem papas na língua

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Bate-papo na Praça da Matriz de Palomas num final de tarde de tormenta, com ventos fortes soprando do Norte.

- E aí, como andam as coisas em casa, bem, tudo calmo?

- Casa? Como assim, casa? Qual é a insinuação agora?

- Insinuação? Como assim? Tudo bem em casa? É só isso.

- Só? Não vou ficar falando sobre minha casa todo dia.

- Calma, eu só estava querendo ser gentil, numa boa. Na verdade, para ser transparente, estava pensando em lá ir?

- Lair? Mas que história é essa? Não tem nada. É tudo intriga. Não existem provas. Isso é golpe político, sabe?

- Mas eu nem sei de que está falando. Só estava pensando em fazer uma visita. Faz tempo que eu e a Magda não aparecemos. Na verdade, para ser transparente, nem conhecemos a casa nova. Parece que é muito bonita, não?

- Magda, que Magda? Nunca vi essa mulher mais gorda.

- Magda minha mulher. Que está acontecendo? Por que todo esse nervosismo? A Magda e eu adoramos caçar o que se sabe, trocar infomações, renovar os estoques. Temos chumbo grosso para a temporada que está abrind o. Na verdade, para ser transparente, temos bala na agulha.

- Que história é essa de ficar repetindo "na verdade, para ser transparente"? A transparência é o meu forte.

- Continuo não entendendo. Parece que estamos falando de coisas diferentes. Estou falando de apanhar patos. É pam, pam e detran, como diz o outro, fazendo trocadilho barato. Os patos caem na rede. É uma festa. Aí é só mandar o Cavalcante buscar as presas e dividir o bolo.

- Chega! Nem sei de nada sobre o Cavalcante. Nem de bolo.

- Calma. Cavalcante é o nome do meu cachorro perdigueiro. Não tem como ele para levantar patos, perdizes, tudo quanto é presa. Ele levanta mundos e fundos. Pega tudo. Até lebre ele levanta. Vai de mansinho e põe pra fora. Funciona como o ser humano: punição e recompensa. Se bem recompensado, não solta um rosnado. É um cão de guarda.

- Para que isso. Comigo não tem essa de lebre. Podem levantar a lebre que quiserem. Não devo nada. Sou a transparência em pessoa. Está tudo claro. E chega de provocação. Tenho a Consciênia tranquila. Límpida.

- Está bem, está bem, calma, calma. Acho que tem ruído na comunicação. A Magda sempre diz que o importante é evitar confusão. Mas a Magda fala demais. Volta e meia, diz o que não devia. Só que a Magda não mente. Não tem papas na língua. Mas tenho certeza de que ela não mente. Isso não.

- Se continuar falando dessa, vou abrir um processo.

- Enlouqueceu? Vai processar os amigos? De que está falando? Parece o Sarney se defendendo das acusações que se amontoam contra ele. Quanto mais fala, mais se afunda. Quando menos fala, mais se afunda também. Falando em Sarney, parece que ele desviou grana da Petrobrás. Todo mundo tira alguma da Petrobrás. Só eu que não. Já pegou algum da Petrobrás? Assim, no mole, sem ilegalidade.

- Basta! Não quero ouvir mais. Vou para casa.

- Certo. Bom descanso. A Magda manda lembranças.

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PS: Para bom entendedor meia palavra basta. Que cada um procure analisar o significado desse diálogo e tire suas conclusões.

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