14 de abr. de 2013

Burocracia e falta de estrutura impediram que incêndio na Estação Ecológica do Taim fosse extinto com rapidez



Não fosse a burocracia,
o fogo no Taim seria extinto em dois dias. Passados cinco anos de um incêndio que queimou 4 mil hectares da reserva ecológica, a falta de estrutura novamente ajudou a alastrar as chamas causadas por um raio, que desta vez se espalharam por 5,6 mil hectares. As lições de 2008 não foram apreendidas. O fogo queimou por nove dias em um trecho de difícil acesso da área que se estende por quase 33 mil hectares, no limite entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no extremo sul gaúcho. Era preciso utilizar aviões para alcançar o incêndio e eles chegaram com três dias de atraso. Com a demora, o fogo se alastrou. — Se tivéssemos tido os aviões maiores quando o fogo se iniciou, seria mais rápido. E se não fosse a chuva, ainda levaríamos mais dois dias para apagá-lo — admite o chefe da Estação Ecológica do Taim, Henrique Ilha, no comando desde 2009. 


As aeronaves demoraram porque vieram da Bahia, distante mais de 3,5 mil quilômetros. Elas pertencem a AmericaSul, empresa que recebe R$ 5 milhões ao ano do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) — órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente que administra a reserva e outras 35 no Brasil — para combater incêndios em áreas de preservação no país. A AmericaSul diz que não participou da licitação para a Região Sul e não tinha obrigação legal de atuar no Taim. Nenhuma empresa teria interesse em fazer o serviço. Por conta da falta de participantes na licitação, o contrato da AmericaSul teria um adendo que prevê a atuação fora da área acordada, mas com três dias de tolerância para início das operações. 


Para apagar o fogo, foram enviados três aviões ao extremo sul gaúcho: dois menores, com capacidade para 2 mil litros de água, e um maior, que consegue carregar 3 mil litros. Por hora de voo dos aviões menores foram pagos R$ 5 mil. O mesmo tempo de trabalho da aeronave grande custa R$ 7 mil. Cerca de 70 voos foram feitos a cada dia de combate. O tempo de deslocamento até a área do fogo também foi tarifado. Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), o que limitou o interesse na licitação foi a exigência de aeronaves com capacidade superior a 2 mil litros de água. Apenas 10% das empresas nacionais têm esses aviões, retirando as companhias menores do negócio.

rafael.diverio@zerohora.com.br
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