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O Brasil, conhecido
pela relevância nas exportações de carne bovina e suína, também atua no mercado de carne de cavalo. Segundo
dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2012 o país
exportou 2.375,9 toneladas de carne de equídeos (que inclui cavalo, jumento e
mula), um aumento de cerca de 13% em relação ao volume de 2011. Isso coloca o
Brasil como o 12º maior exportador do mundo nesse mercado. Se o critério for
exportações líquidas (exportações menos importações), o país ocupa a 9ª posição
global. Depois do escândalo de uso de carne de cavalo em substituição à bovina,
que ganhou o noticiário internacional nas últimas semanas, há quem acredite que
as vendas poderão sofrer retração. Ainda mais depois de a Nestlé, gigante do
setor, informar ter encontrado o DNA de cavalo em pratos prontos vendidos na
França, na Itália, na Espanha e em Portugal. A matéria-prima saiu da linha de
produção de um fornecedor da brasileira JBS, a alemã H.J. Schypke .
Os embarques
brasileiros de carne de cavalo já
foram mais relevantes, como lembra Roberto Arruda de Souza Lima, professor do
Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, escola de
Agronomia ligada à USP. Em 2005, foram exportadas 19.100 toneladas do produto.
Os principais mercados consumidores são países da Europa, como Itália e França,
e parte da Ásia. Apesar da posição ocupada pelo Brasil, explica Souza Lima,
dificilmente se vê casos em que a atividade é rentável para aqueles que criam o
animal exclusivamente para o abate. O mais comum é que o cavalo seja usado em
outra atividade e vendido a um frigorífico quando ficar mais velho. “Criá-lo
para o abate não é vantajoso porque a chamada taxa de conversão [quanto do que
ele come é transformado em carne] é muito baixa, principalmente quando
comparada ao bovino”, explica o professor. “Quem deseja ganhar dinheiro
produzindo carne deve optar por criar boi. O abate de cavalo é uma atividade
complementar, uma receita adicional para o dono do cavalo velho”, afirma o
acadêmico.
O preço menor, acredita
Souza Lima, pode ter influenciado na substituição da carne bovina pela de
cavalo. ”Trocou-se a matéria-prima por uma carne muito similar em gosto e
aparência, mas que é mais barata”. No ano passado, uma comitiva chinesa visitou
o Rio Grande do Norte para ver a viabilidade de ter o Estado como fornecedor de
carne de jumento. A falta de escala
na criação do animal inviabilizou o projeto até agora. “A exportação é viável
economicamente, mas não temos essa quantidade toda de animais disponíveis nem
capacidade de abate em frigoríficos para elevar significativamente nossas
exportações”, afirma o professor da Esalq. De acordo com o
Ministério da Agricultura, sete frigoríficos brasileiros são habilitados a
exportar para a União Europeia. Eles estão localizados em Minas Gerais, Bahia,
Paraná e Rio Grande do Sul. Mas apenas três deles produzem. Em Araguari, cidade
do Triângulo Mineiro, está uma dos mais antigos frigoríficos brasileiros
especializados em equídeos. O Prosperidad,
fundado há 52 anos, vende para Japão, Holanda e Itália produtos com
a marca
Fava. No mercado interno, a produção é comprada por um laboratório
farmacêutico. Os animais são adquiridos em cidades vizinhas e de tropeiros
vindos da Bahia e do Tocantins. O ideal é que tenham pelo menos dez anos,
porque a idade acentua o sabor da carne. A capacidade diária de abate é de 1
mil animais. Mas desde setembro passado as atividades estão suspensas. Cavalos
de exposição foram contaminados pela doença mormo em um centro de exposições
próximo ao frigorífico. Por determinação do Ministério da Agricultura, as
atividades foram suspensas e o frigorífico entrou em um período de quarentena,
que deve terminar no mês que vem. Todos os funcionários deverão ser recontratados.
Como consequência do
escândalo, já se vê uma reação de quem faz parte da cadeia de alimentos. O McDonald’s divulgou no último fim de
semana uma campanha publicitária em que mostra a origem dos produtos
comercializados em suas lojas. É uma forma de fomentar a própria credibilidade
e sutilmente tripudiar sobre o que aconteceu com o concorrente Burger King na
Irlanda e no Reino Unido, onde foi confirmada a presença de carne de cavalo em
vez do hambúrguer bovino. Segundo o professor Souza Lima, da Esalq, a carne de
cavalo é muito saudável. Uma das suas vantagens em relação a outras carnes é a
quantidade de ferro. São 3,8 miligramas de ferro por 100 gramas de carne de
equino. Já no caso do bovino, a relação é de 1,9 mg de ferro para 100 gramas de
carne. Além disso, ela tem mais proteína (igual a do bovino, entre 21% e 23%,
contra uma variação entre 14% a 17% do suíno e de 58% a 64% do carneiro). O
equino também tem menos gordura (entre 1% e 3%).
iG
Último Segundo/Economia
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