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Um
dia depois de as imagens do sacrifício de animais registradas em um hospital
veterinário da Ulbra serem exibidas no Jornal Nacional, representantes da
universidade registraram ocorrência da descoberta
de uma ossada no campus de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Um novo inquérito será aberto sobre o caso, já que a ossada parece ser recente,
segundo a polícia. As mortes ocorreram em 2008 e são investigadas pelo
Ministério Público, pela Polícia Civil e pelo Conselho Regional de Medicina
Veterinária do Rio Grande do Sul. O advogado Ricardo Medeiros e diretora do
hospital, Cristina Zaffari, estiveram na 3ª Delegacia de Canoas na manhã desta
terça-feira (20) e entregaram fotos. "Acreditamos que este material foi
plantado no local para incriminar a universidade", disse o advogado ao G1.
A polícia enviará uma equipe até o campus para conferir a denúncia. Segundo a
delegada Sabrina Deffenti, que investiga o caso, um representante do Ministério
Público descobriu a ossada em local indicado pelo ex-funcionário do hospital
que gravou as imagens dos sacrifícios de 2008 em seu telefone celular.
"Hoje
pela manhã nos chegou a informação do secretário de diligências do MP, de que
na ossada havia animais recentemente descartados no local. Não acredito que
este material tenha sido implantado no local, até porque essa diligência do MP
não era conhecida e foi realizada na tarde de segunda-feira (19)",
explicou a delegada ao G1. As denúncias foram exibidas com exclusividade na
noite de segunda. No novo inquérito, também será investigado se houve crime
ambiental no descarte dos animais. Nas imagens, os animais aparecem recebendo
injeções de uma substância chamada T61, usada em eutanásia de bichos. Depois de
receber a dose, os animais agonizam por vários minutos. Um deles, que aparece
nas imagens, é imobilizado antes de ser sacrificado. Depois, ainda leva chutes
de um funcionário do hospital antes da aplicação da nova dose da substância.
Algumas injeções foram aplicadas por funcionários da limpeza, o que é proibido
por lei. Em um telefonema gravado, uma
professora conversa com um destes funcionários para tratar do sacrifício de
Faísca, um vira-lata que era mascote dos alunos do curso de Veterinária da
universidade. Segundo o funcionário que gravou a conversa, a voz é da
professora Carla Koeche, que em 2008 era vice-diretora do hospital. Ela nega
envolvimento no caso. “Nenhum desses sacrifícios, essas eutanásias, foram
realizados com alguma deliberação, com alguma autorização de algum diretor, de
alguma chefia de dentro do hospital veterinário”, diz a veterinária.
Além
de Carla, foram indiciados a diretora do curso de Veterinária da época, Norma
Rodrigues, e um professor da faculdade, Carlos Petrucci. Atualmente, Norma é
vice-presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul
(Simvet). Ela diz que não sabia que os animais eram mortos. “Nós tinhamos toda
uma atitude em relação ao bem-estar dos animais. Então era impossível que
dentro de um projeto, um programa desses, tivesse isso aí”, alega. Petrucci era
membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul
(CRMV-RS), mas foi afastado esta semana por causa das investigações. Ele também
nega participação. Autores dos vídeos,
os funcionários João Cláudio Arce da Silva e Enéas Wink também foram
indiciados. João Cláudio alega que recebeu ordens dos dirigentes do Hospital
para exterminar com os cães. Winck não foi localizado pela reportagem. Todos os
acusados vão responder apenas pelo crime de formação de quadrilha. A pena é de
até três anos de prisão. Por maus-tratros eles não podem mais ser julgados
porque o crime, cometido em 2008, já prescreveu. Para a polícia, o motivo do
sacrifício foi a grande quantidade de cães na instituição, mas ainda não se
sabe quantos foram mortos. “Em função do grande numero existente dentro daquela
insituição e em função do barulho que causavam, enfim, era determinado o
sacrificio dos mesmos”, explica a delegada. A Ulbra afirma que só soube do caso
este ano porque os funcionários envolvidos ajuizaram uma ação trabalhista
contra a instituição e anexaram o vídeo como prova de um suposto “desvio de
função”. “A palavra que pode ser dita é repugnância. E essa repugnância então
ensejou essas duas denúncias, tanto ao Conselho de Ética quanto ao Ministério
Público, para verificar se a autoria e os fatos sao verídicos e dar os
encaminhamentos penais devidos a cada um dos que cabem receber punição por
aquilo que fizeram”, afirma o assessor jurídico da Ulbra Jonas Dietrich, que
denunciou o caso ao Conselho de Medicina Veterinária e ao Ministério Público. Todos
os envolvidos não trabalham mais na universidade.
G1 Rio Grande do
Sul
Colaboração:
Andreia Rabaiolli
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