9 de ago. de 2009

Silenciadores oficiais

postado por Gilmar da Silva


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Sem sombra de dúvidas, as crônicas do Juremir Machado da Silva, não são só atualissimas, mas revestidas de uma realidade nua e crua mostrando em seu enfoques como seus personagens se envolvem com a "coisa pública" de forma que a mídia não precisa se esforçar muito para transmitir ao leitor o que acontece nos bastidores e mesmo que se tente "silenciar" a notícia, ela escapa de algum modo e acaba saindo, como sai no momento o que até então estava escondido sob o tapete da impunidade na vida pública do nosso Estado, que figura na imprensa nacional como o ex-bastião da moralidade, infelizmente. Boa leitura!!

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O ditador Getúlio Vargas mandou o Estadão se calar. Os militares ditadores de 1964 mandaram o Estadão se calar. O desembargador Dácio Vieira, amigo de José Sarney, mandou o Estadão se calar. Todo mundo manda o Estadão se calar. Ponto para o Estadão. Jornal de respeito existe para desrespeitar. Vieira esqueceu de mandar os senadores Fernando Collor, Tasso Jereissati e Renan Calheiros se calarem. Aí eles falaram à vontade. Collor mandou o colega Pedro Simon engolir. Tasso chamou Calheiros de "coronel cangaceiro"e de "dedo sujo". Calheiros resp0ndeu com a mesma elegância rotulando Tasso de "coronel de m...". Um espetáculo edificante. A governadora Yeda Crusius adoraria ter calado Lair Ferst, Luciana Genro, Pedro Ruas e, principalmente o Ministério Público Federal. Os politicos acham que tem gente falando demais.

Só Marcelo Cavalcante, o ex-aliado do governo gaúcho, morto num lago, em Brasília, está calado para sempre. Uma pena. A viuva dele fala. O irmão dele fala. Todos têm algo para dizer. Mas a sociedade ainda não sabe exatamente o que eles contam. Há um processo em curso em Santa Maia. A juíza Simone Barbisan não tem pressa em falar. Mas todos esperam pelo que ela vai dizer. O sociólogo francês Michel Maffesoli lembra que "na corte dos imperadores bizantinos existiam os silenciadores oficiais". Lembra mais: "Eles tinham por função calar os perturbadores da ordem a fim de fazer reinar o pensamento único estabelecido. Traduzindo para termos contemporâneos, trata-se de uma conspiração do silêncio". Aí está. Faz sentido. Estamos vivendo tempos bizantinos. O conservador Estadão perturba a ordem. Assim como Luciana Genro e Pedro Ruas, Dácio Vieira é um silenciador oficial. Yeda Crusius gostaria de ter o seu.

Há, ressalta Maffesoli, uma diferença entre opinião pública e opinião publicada. Os atos secretos do Senado não eram publicados para evitar a opinião pública. Muitas vezes, a opinião publicada pela midia sufoca a opinião pública. No Brasil, contudo, os silenciadores oficiais querem liquidar a opinião pública é a opinião publicada. A tática mais comum dos silenciadores oficiais e paranoica: Toda opinião publicada teria por objetivo conspirar contra o pensamento único do poder. Não importaria a natureza dos fatos, mas as intenções dos denunciantes e a origem das informações. Matou? Roubou? Desviou dinheiro público? Pouco importa. Relevante seria: quem deixou vazar? Com que objetivo? Em benefício de quem? Se o MPF silencia, está armando. Se dá coletiva e divulga parte das suas investigações, armou um circo.

É pam, pam, detran mesmo! A mais sofisticada artimanha dos silenciadores oficiais no Brasil é o segredo de justiça para processos envolvendo agentes públicos. Os silenciadores oficiais detestam que a opinião publicada fale em nepotismo, privilégios e outros jeitinhos que os poderosos usam para viver bem. Os silenciadores oficiais sonham com o dia em que toda opinião publicada fará a opinião pública desistir de fazer perguntas incômodas. O negócio é cortar línguas.


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Você leitor, lógicamente já tem formada sua opinião a respeito, mas inegavelmente essa crônica trás a tona uma palavra em desuso não é mesmo? Mas juntando essa palavra com outras se terá "a corte dos imperadores bizantinos" e não dá para negar que os próximos dias irão revelar se realmente a justiça tarda mas não falha. É o que os gaúchos e brasileiros esperam, afinal de contas todos os agentes públicos estão agindo em nome do cidadão e com recursos gerados com a sua contribuição para a sociedade e o mínimo que devem ter é o zelo com a coisa pública. Aguardemos pois que tudo não acabe na pizzaria de nono!!

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