A
história de um homem simples que juntou R$ 28 mil e teve o dinheiro furtado vem
comovendo moradores de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio. Marinô Pascoal de
Melo, de 45 anos, tinha o sonho de comprar um imóvel para alugar e viver com a
renda. Ele é deficiente físico, mora com a mãe de 76 anos e economizou quase
tudo o que ganhava como catador de latinhas e guardador de carros ao longo de
10 anos. O dinheiro ficava em uma mochila guardada no armário do quarto, mas ao
procurar o dinheiro para pagar a quitinete de R$ 25 mil que decidiu comprar,
Marinô teve a surpresa.
"Só
achei a mochila vazia no armário. Falei para minha mãe que tinha sumido tudo e
ela não acreditou. Revirou o quarto procurando, mas só achamos algumas moedas
que estavam separadas. Levaram tudo que estava na mochila", afirma ele. Marinô
conta que juntava o dinheiro porque a mãe não gostava de vê-lo trabalhando a
noite. "Ela vive me dizendo que, por causa da minha condição, é perigoso
eu voltar para casa com dinheiro de madrugada, com o dia amanhecendo. Então eu
fui juntando para comprar uma quitinete e viver com o aluguel", explica.
A
mãe dele, Neide Pascoal de Melo, diz ter ficado supresa quando descobriu há
poucos meses que o filho havia juntado a quantia. Segundo ela, o dinheiro
chegou a ser usado no ano passado, quando a casa em que moram foi atingida por
uma chuva de granizo. "Quando teve a chuva de granizo no ano passado, ele
perguntou quanto custava para trocar as telhas furadas e me deu R$ 1,5 mil na
mão. Eu sabia que ele guardava algum dinheiro porque sempre via ele chegando
com o dinheiro do trabalho e guardando. Mas não fazia ideia de quanto tinha. Eu
só fui saber há pouco tempo, quando um neto meu precisou de dinheiro e o Marinô
resolveu emprestar. Então eu fui no quarto com ele, separamos R$ 5 mil para
emprestar e contamos o restante. Eram R$ 28 mil. Depois disso, não mexemos mais
no dinheiro", conta a dona Neide.
Diante
do questionamento inevitável sobre por que o dinheiro não ficava guardado em um
banco, Marinô responde: "Eu nunca soube mexer com essas coisas, nunca tive
nada no banco. Há um tempo atrás, a minha mãe chegou a abrir uma poupança para
mim, mas eu dependia da minha irmã para ir lá colocar o dinheiro. Como ela
estava sempre ocupada, acabei juntando aqui mesmo", conta ele. Agora, diz
Marinô, o jeito é continuar trabalhando. Após a notícia do roubo se espalhar, a
casa em que Neide vive com três dos seis filhos está cada dia mais movimentada.
A mãe de Marinô conta que os vizinhos se sensibilizaram com a história, e que a
vontade de todos é que o ladrão seja encontrado. A ocorrência do furto foi
registrada na 126ª DP (Cabo Frio), que vai investigar o caso.
"Olha,
eu sei que recuperar o dinheiro é quase impossível. Para ser sincera, nem tenho
muita esperança disso. A nossa esperança mesmo é que consigam descobrir quem
fez essa maldade com a gente", diz, muito triste, Dona Neide.
G1 Rio de Janeiro
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